Divina fibra
Lisa, estampada ou rústica, a seda reconquista seu espaço na decoração, trazendo requinte ao lar. |
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Utilizada na produção de tecidos há mais de três mil anos pelos chineses, a seda é considerada a mais nobre dentre todas as fibras têxteis. Extraída do casulo que envolve a lagarta, o bicho-da-seda, esta matéria-prima natural está sempre associada aos artefatos que remetem ao luxo e ao clássico, seja no vestuário ou na decoração. Na última edição da feira ForMóbile, realizada em agosto, em São Paulo, alguns fabricantes de tecidos de seda pura e mistos apresentaram coleções para revestimentos, cortinas, tapetes e acessórios como almofadas e mantas em várias texturas e cores. |
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No topo da decoração, a seda continua seletiva, mas devido à desvalorização do dólar no mercado brasileiro, os fios importados tornaram-se mais acessíveis, motivando as tecelagens a ousar em suas criações. Atualmente, o Estado do Paraná é o maior produtor de seda no país e o Japão, o principal importador do nosso produto.
Com sede em São Paulo, duas fábricas no interior do Estado e uma no Paraná, a Bratac é considerada a maior fiação individual de seda da América Latina, com uma produção anual de cerca de 898 toneladas de fios. “A seda brasileira dá sustento para mais de cinco mil famílias do campo que criam o bicho-da-seda. Entretanto, o relativo aumento na procura por tecidos de seda no mercado interno não impactou na produção de fios nacionais, isto porque, devido ao câmbio, a importação de seda, principalmente da Índia, tem aumentado muito”, diz Shigueru Taniguti Júnior, gerente comercial da Bratac. |
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Por dentro da seda
Sua aparência é frágil, mas o fio de seda é tão resistente quando os filamentos de poliéster e náilon, possui elasticidade natural, mas é sensível à luz e ao calor. A larva do bicho-da-seda contém duas proteínas: a fibroína, principal componente do fio, e a sericina, uma resina natural utilizada na indústria de cosméticos, farmacêutica, entre outras. Existem oito espécies de bicho-da-seda criadas com a finalidade de produzir fio têxtil, mas a mais utilizada, inclusive no Brasil, é a Bombyx Mori L. A criação comercial do bicho-da-seda é denominada sericicultura e foi implantada no Brasil no século XIX. A primeira fábrica de seda brasileira foi instalada no município de Itaguaí, no Estado do Rio de Janeiro, porém, foram os imigrantes japoneses, que a partir da década de 40, desenvolveram a fiação em escala industrial. Um exemplo bem-sucedido desta atividade foi a Sociedade Burajiru Takushoku Kumiai, fundada na cidade de Bastos (SP), há 66 anos, que deu origem a atual Bratac. Cada casulo pesa, em média, uma grama e para se fazer um fio com aproximadamente um metro de comprimento são necessários sete casulos. Além disso, o processo inicial de beneficiamento (coleta, extração e purga dos fios) é todo manual. Este é um dos motivos pelo qual a seda é tão cara de se produzir. Os fios podem ser filamentados ou cardados. Os mais utilizados na construção dos tecidos são: grégia, fio liso sem torção; bourette, fios fiados a partir de refugos de seda e dopion, fio grosso irregular. Os tecidos para decoração podem ser de cetim (o mais fino); crepe de chiné (fluído com toque seco ou aspecto granulado); chiffon (aspecto amassado), georgette (aspecto ondulado), musselina (leve e transparente, próprio para cortinas), tafetá (aspecto brilhante) e shantung ou bourette (rústico e com textura irregular). |
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Para Gustavo Augusto Serpa Rocha, diretor da Casulo Feliz, fiação artesanal de seda, localizada também no Paraná e que produz mais de 20 tipos de fios além de tecidos, cortinas, mantas, entre outros produtos, a seda continua sendo valorizada no mercado de especialidades. “A aplicação na decoração aumentou porque o preço teve uma ligeira queda em função da concorrência dos importados”, comenta. Com 20 anos de existência, a Casulo Feliz compra a matéria-prima (casulos) e depois, por meio de processo artesanal, beneficia, fia e torce o fio de seda, conferindo-lhe vários efeitos para enobrecimento do tecido.
Bruno Beraldin, proprietário da Beraldin Sedas, localizada na cidade de Gália, interior de São Paulo, enfatiza que a indústria da seda tem forte atuação social, pois emprega grande quantidade de mão-deobra no campo e nas fábricas, utiliza fibra natural renovável e processos de beneficiamento não poluentes. “Mas, apesar disso, não temos nenhum incentivo fiscal e ainda enfrentamos a concorrência desleal de produtos importados, originários muitas vezes de países que utilizam condições desumanas de trabalho”. Segundo ele, a Beraldin produz cerca de oito mil metros lineares/mês de tecido de seda pura, mistos de seda com algodão/viscose e exporta 5% de sua produção para diversos países. |
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Outro profundo conhecedor da seda, o empresário Antonio Nadim Zidan, sócio-diretor da Fatto a Mano, sustenta que hoje o mercado interno consome pouco mais de 10% da produção brasileira que é de aproximadamente 100 toneladas/mês. Especializada em tecidos para decoração, sua empresa produz 10 mil metros lineares/mês de tecidos para revestimento e deverá lançar, em breve, uma linha para cortinas.
Apaixonada pelas sedas, a empresária Eliane Gamal Mesquita, dona da Megatextil Ltda, que produz de quatro mil a sete mil metros lineares/mês de tecido com a marca Safira Sedas, também espera um ligeiro aquecimento das vendas este ano. “Temos mais de 400 padrões, alguns exclusivos com estampa digital, além de uma cartela com 200 cores”. Quem não pode forrar um sofá com seda pura, cujo metro pode custar entre R$ 60,00 e R$ 250,00, tem a opção dos mistos com fios sintéticos que são mais em conta, porém não menos bonitos. “O segmento de decoração hoje requer um luxo discreto e a seda com poliéster, por exemplo, alia a sofisticação da fibra natural com a praticidade dos sintéticos”, destaca Evandro da Silva, responsável pelo desenvolvimento de produto da Tecelagem Panamericana, que destina 25% de sua produção de aproximadamente 40 mil metros lineares para o segmento de decoração, oferecendo além de mistos de poliéster com seda, tecidos 100% algodão, viscose e linho. |
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Edição: Redação
Data de publicação: 21/09/2006
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